terça-feira, 1 de setembro de 2009

Servir!

Bem senhores, depois de um longo e tenebroso inverno, de quase um ano, sem postar, resolvi reativar esse espaço, pois nesse período muitas coisas acontecendo no escotismo me incomodavam, mas só agora reestabeleci a confiança no debate e no movimento no Brasil.
E quero voltar ao debate com um tema propício, a revisão da progressão no ramo pioneiro, quem me conhece sabe que eu sou um crítico sistemático da maneira como a UEB aplica suas "etapas de progressão" , acho que desde a teoria usada para basear a elaboração do programa há muita dúvida. Na aplicação a confusão é generalizada, e na cabeça do jovem nada funciona. Os grupos que conseguem fazer as coisas funcionarem, fazem do jeito que deixa os propositores do PJ de cabelo em pé, apesar dele jurarem que não. E isso chega numa área perigosa, o Clã Pioneiro.
Explico no clã o jovem dá o passo final para ser dono da sua vida, o sistema de etapas é bom porque o pioneiro fica menos propenso à desmandos da chefia. Explicando, conheço o caso de um pioneiro de um dos grupos mais tradicionais de São Paulo que teve sua investidura bloqueada pelo mestre do clã por dois anos porque não quis renunciar a suas crenças políticas, que eram divergentes do mestre, o garoto, não era Nazista, tão pouco comunista arraigado, não defendia que o holocausto não existia, que Stálin era santo, nada que demonstrasse um desvio de caráter. Mas mesmo assim com todas as etapas concluídas, inclusive as de insígnia Pioneira e parte da de Cidadania ele nunca pode fazer sua investidura.
Agora imaginem dentro do sistema atual, aonde tudo é subjetivo, sem metas claras e maneiras de medí-las. No Clã isso fica pior, porque na vida profissional, na vida acadêmica o jovem deverá ter prazos, datas e metas palpáveis e com medição clara. Coisa que negamos no escotismo da UEB, em nome de um didatismo para inglês ver.
Agora o jovem deverá traçar seus projetos pessoais e seguir em diante e recebe uma etapa de progressão cada vez que concluir um objetivo pessoal, projeto. Antigamente a gente fazia isso, mais as etapas, os clãs faziam projetos, montavam equipes de interesses e executavam os projetos e ainda tinha espaço para as etapas.
Ao meu ver a UEB retirou parte da vivência do clã!
E você o que acha?

2 comentários:

Capitão Anilto disse...

Creio que o escotismo contemporâneo passou a dar muito valor aos reconhecimentos, sistemas de etapas, distintivos e outros, e isso se tornou um "poder" nas mãos de chefes e mestres, desviando-se da finalidade básica desses reconhecimentos. Já em 1910 Baden-Powell alertava: "Nós aprovamos recentemente vários distintivos de eficiência, e esperamos que isto sirva como incentivo aos Escoteiros se qualificarem como pessoas úteis, seja em casa ou em uma colônia.
Enquanto estavam sendo considerados, chegou a nós uma reclamação: em certos centros a dificuldade de passar nos testes para qualquer distintivo era tão grande que o que tinha sido uma medida atraente para os jovens estava se tornando rapidamente um exame “bicho-papão”". (leia mais em http://www.participativo.net/escotismo/?p=280 ). Está na hora de repensar o escotismo moderno, voltando-se para os reais objetivos do movimento.

Alexandre "TAZ" Andrade disse...

Capitão,
Eu já acredito que se passou a reconhecer de menos, explico, quando era garoto eu sabia que se eu queria minha segunda classe eu tinha de saber o hino alerta, fazer uma bebida quente, cozinhar uma refeição, usar facão e machadinha. Eu ficava no pé do monitor até ele ou o chefe dar o adestramento e depois cobrar, se eu falhasse eles me explicavam no que eu errava e ia e fazia de novo até acertar, mas eu sabia o que estava sendo avaliado de maneira prática.
As provas de especialidades idem, mas a questão é nem deixar as especialidades extremamente dificeis de serem alcançadas, nem banalizar as coisas como é feito hoje.
Como eu digo para os meus escoteiros, tem muita árvore de natal que só serve para enfeitar, se você tem vários distintivos, tem que saber dar presentes, ensinar, para sua patrulha.